História
Breve história da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coimbrões
A génese da AHBVC tem origem num grupo de auxiliares dos bombeiros municipais que havia em Coimbrões na ultima decada do seculo XIX, do qual faziam parte João Pinto Soares («Chasco») e José Soares («José Soldado»), que seriam mais tarde fundadores da atual Associação e ainda Joaquim José Moita.
Mais tarde, com fim deste grupo, viria a surgir a vontade da criação de uma entidade independente, pelo que, no dia 20 de Maio de 1906, foi constituída a Associação Humanitária do Bombeiros Voluntários de Coimbrões pelas mãos de:
- José Gonçalves Forno Júnior – 1º Comandante
- Eduardo Joaquim Almeida – Comandante Orientador
- João Pinto Soares – 1º Chefe
- José Lino dos Santos – 2º Chefe
- Calisto Gonçalves – Bombeiro
- José Silva Lobo – Bombeiro
- Raimundo Garcia Assumpção – Bombeiro
- José Soares – Bombeiro
- Joaquim Alves Pinho – Bombeiro
O quartel inicial estava situado numa modesta casa que serviu de oficina de um sapateiro e a primeira bomba braçal da Associação foi construída por João Pinto Soares, ferreiro de profissão com a ajuda de outros voluntários que inclusivamente contribuíram para a aquisição do material necessário a sua c. De notar que desde este ano da fundação e até 1909 (ano em que há resgisto da primeira ata escrita, datada de 27/01/1909) não há conhecimento de nenhum documento escrito, acreditando-se que dada a modéstia das pessoas que fundaram a Associação, não houvesse qualquer preocupação nesse sentido.
O ano de 1909 é ainda marcado pela aquisição da primeira carreta, pela construção da casa escola para preparação e instrução dos Bombeiros; pela aquisição de uma segunda bomba mais aperfeiçoada que a primeira , ou seja « com duas agulhetas , escadas e mais pertenças»; e ainda pela decisão (em reunião de 10/09/1909) de que todos os meses existiria a apresentação de contas e, trimestralmente, de balanço.
Por essa altura o fardamento do corpo de bombeiros era composto por capacete de chapa pintado a preto, crista de metal amarelo, emblema do mesmo meta, casaco azul ferrete, botões de metal amarelo, cintos e quépi. Ao comandante era concedida licença para usar capacete de metal amarelo, cinto de verniz e galões na manga do casaco de grande uniforme.
De acordo com o relato em atas de reuniões de Direção e Assembleias Gerais, os anos iniciais foram de crucial esforço, elevado grau de renúncia, enorme espirito de abnegação, limitada dedicação e apaixonado sentido de entrega e consagração ao sublime ideal de Bombeiro:
- Para a angariação de verbas necessárias os sócios- fundadores levaram a efeito predatórios, espetáculos, exercícios públicos, etc.
As campanhas de sócios nas varias localidades próximas eram feitas pelo corpo ativo em carretas puxadas a cavalo e com circulares impressas entregues pessoalmente.
- O material era conseguido através de peditórios, movimentos públicos de solidariedade (aquando de catástrofes, crises ou calamidades publicas) e pelo esforço gratuito e individual de alguns bombeiros. Outras ocasiões era aproveitado o que algumas corporações congéneres dispensavam em leilões públicos e , raras vezes, aparecia algum benfeitor a oferecer materiais.
As inevitáveis despesas eram cobertas pelas quotas dos sócios contribuintes, ofertas de benfeitores e dádivas espontâneas de firmas socorridas em incêndios de vulto. Encontram-se assim registos de dádivas das seguintes entidades: Companhia Vinícola do Norte (14/12/1909), A. Cálem Júnior e Filho (29/12/1909); A. Cálem Júnior e Filho (10/02/1910); Farmácia Barroso (02/06/1910); Fabrica Mariani (07/02/1911); Guimarães, Pestana Cª Lda. (04/03/1913); António de Almeida Costa & Cª (16/07/1913) entre outras.
Os estatutos iniciais foram aprovados em assembleia geral de 15/05/1910 e tiveram uma Comissão propositadamente constituída para os elaborar, da qual faziam parte: Eduardo Joaquim de Almeida, João Porfírio de Lima Calheiros Lobo e Arthur Wenceslau da rocha. Cerca de 4 meses mais tarde (ou seja 14/09/1910) foi igualmente aprovado o Regulamento do Corpo Ativo. A Direção vigente nesta data era composta por: José J. Pinto de Sousa , Eduardo Joaquim de Almeida, Raúl Pereira Nunes, João Ferreira Lopes, César José Martins, Arthur Wenceslau da Rocha. Ja Acacio de Paredes Granja era o Comandante do corpo ativo composto por: um primeiro comandante, um segundo comandante, dois Primeiros Chefes, dois Primeiros Aspirantes, dois Segundos Aspirantes, um Fiscal de revisão de material, um Ajudante do Fiscal. O Corpo Auxiliar era composto por: um Primeiro Chefe, um Segundo Chefe, um Aspirante e ilimitado numero de bombeiros.
Em Dezembro de 1910 decidiu-se imprimir 200 exemplares dos estatutos e regulamentos e comprar 100 distintivos, face à quantidade de sócios.
Em virtude do dispêndio de forças que os bombeiros empregavam na condução de carros á mão e pelo pesado material com os mesmos estavam equipados, em Novembro de 1911 foi decido criar o «Grupo de Bombeiros Serventes» o que originou de seguida uma outra decisão da Direção a de premiar o seu corpo ativo pelos generosos e desinteressados serviços prestados (já que ao grupo de serventes era pago o tempo despendido com serviços de socorro prestados).
A acção associativa e assistencial da AHBVC estendeu-se ás localidades vizinhas quer nos peditorios e angariações de associados, como também nos socorros prestados. Aliás, a construção da primeira maca destinou-se não somente aos que dela viessem a necessitar em Coimbrões, mas sobretudo para os que de longe necessitam de transporte ate aos centros hospitalares.
Se a historia atesta quem em Coimbrões foi fundada a primeira corporação de bombeiros do concelho de Vila Nova de Gaia, também afirma que soube despertar na localidades vizinhas a vontade de possuírem as suas corporações ou pelo menos uma secção ou sucursal, caso de Aguda (cuja referencia a constituição de uma sucursal consta em ata de Assembleia Geral 16/01/1910) e Valadares (cuja referencia á constituição desta secção consta da ata de 08/12/1914 e cuja inauguração ocorreria a 25/11/1915).